Venezuela acusa EUA de “sequestrarem” 18 crianças venezuelanas em meio a operações migratórias

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, acusou nesta terça-feira (1º) os Estados Unidos de “sequestrarem” 18 crianças venezuelanas, com idades entre um e nove anos, após a detenção ou deportação de seus pais em operações migratórias. As declarações foram feitas durante a transmissão do programa semanal do presidente Nicolás Maduro na emissora estatal VTV.

Segundo Rodríguez, os menores foram separados de seus responsáveis após estes serem levados a centros de detenção da Agência de Imigração e Alfândega (ICE) ou deportados para El Salvador. “Temos casos de 18 crianças, entre um e nove anos, a maioria com menos de quatro anos, porque as mães e pais também são muito jovens”, afirmou. Ele acrescentou que “três delas foram sequestradas em El Salvador”, sem apresentar evidências que comprovem as alegações.

As declarações vêm em meio a uma crescente cooperação entre os Estados Unidos e El Salvador no combate à imigração ilegal, especialmente em relação a indivíduos com supostos vínculos com o grupo criminoso venezuelano Tren de Aragua, classificado por Washington como organização terrorista estrangeira.

Como parte dessa cooperação, os EUA destinaram até o fim de abril cerca de US$ 5 milhões (aproximadamente R$ 27 milhões) ao governo salvadorenho em forma de subsídios para ações de segurança e política externa. Até o momento, nenhuma das autoridades envolvidas — nem o Departamento de Estado norte-americano, nem o governo de El Salvador — se manifestou sobre as acusações feitas por Rodríguez.

O presidente da Assembleia Nacional também criticou duramente as políticas migratórias dos Estados Unidos. “Os EUA criminalizaram a imigração. Uma série de eventos se desenrolou. Por exemplo, sequestraram uma mãe no local de trabalho ou na escola, sem avisar ninguém, e a levaram sem saber que ela tinha um filho”, afirmou.

As denúncias acentuam o clima de tensão entre Caracas e Washington, em um momento em que a crise migratória venezuelana continua sendo um dos maiores desafios humanitários da América Latina.